Apesar da diretoria do Corinthians reforçar a segurança na manhã deste domingo no Parque São Jorge, o clube não evitou que um grupo de torcedores fossem ao treinamento hostilizar os jogadores.
Aos gritos, os invasores exigiam uma reação imediata do time, que perdeu para o Sport no sábado e fechou mais uma rodada na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.

Nem o volante Vampeta, que já disputou 261 jogos pelo Corinthians e é um dos principais ídolos da equipe, foi poupado pelos torcedores. "Vampeta, você precisa parar de falar e jogar bola maluco!", gritou um deles. Depois do treino, o jogador ainda foi conversar com os manifestantes.

Antes disso, no entanto, os torcedores não pararam: "E aí quando vocês vão jogar bola? Vão esperar o time cair", berrava outro, sempre seguido de um palavrão. "Aí que saudade de quando o Corinthians jogava com vontade!", continuaram os outros torcedores.

Outro alvo da torcida foi o meia Rosinei, que tem contrato com o clube apenas até o final do ano e vai embora.

O lateral-direito Edson, outro que também fica sem contrato no final deste ano, não agüentou e respondeu com beijinhos, o que irritou os torcedores, que tentaram invadir o campo para agredi-lo.

A pedido do Corinthians, seis viaturas da Polícia Militar também estavam no local, mas não precisaram agir.

No sábado, os jogadores já tiveram uma prova de que o ambiente não será dos melhores até o final do Brasileiro. O meia Aílton dispensou o ônibus e tentou deixar o Pacaembu com seu carro, quando foi abordado por alguns torcedores. O jogador foi cobrado e respondeu que estava fazendo o melhor e que o time não iria cair.

Antes do jogo contra o Sport, um grupo de torcedores da principal organizada do clube já estiveram no Parque São Jorge para conversar com o técnico Nelsinho Baptista e com os jogadores.

Naquela oportunidade, o elenco foi cobrado e até ameaçado pelos torcedores, que avisaram que se o Corinthians fosse rebaixado era melhor deixar o país.

Após invasão, torcedores se reúnem com time e pedem reação

Após invadirem o treino do Corinthians neste domingo e hostilizarem os jogadores, cerca de 30 torcedores se reuniram com o elenco corintiano para uma conversa particular.
Na conversa que aconteceu no vestiário do Parque São Jorge, o grupo exigiu uma reação da equipe, que após perder para o Sport, no sábado, segue na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.

Um torcedor, que participou da reunião, também confirmou que três jogadores se comprometeram a assumir uma postura de liderança no elenco, na tentativa de tirar o time desta situação difícil.

Os torcedores também pediram que alguns jogadores fossem afastados da equipe, entre eles Edson, que respondeu com beijinhos às ofensas e quase foi agredido, e Rosinei.

"São jogadores que não deveriam mais estar aqui. Estão pensando apenas onde vão jogar no ano que vem", disse um dos torcedores, referindo-se ao fato da dupla ter contrato com o Corinthians somente até o final deste ano e já terem admitido que vão embora.

Na saída, os jogadores preferiram não conversar com os jornalistas que estavam presentes no Parque São Jorge.

Apenas o atacante Finazzi parou seu automóvel, mas não quis se alongar na conversa. A postura foi um pedido dos torcedores que participaram da reunião.

"Foi uma conversa tranqüila. Eles cobraram e vamos dar uma resposta. O time não vai cair", afirmou o jogador. "Eles [torcedores] pediram para não falarmos agora. Eu falo com vocês [jornalistas] depois, quando estiver mais tranqüilo", completou.

Os torcedores prometem continuar os protestos até que o time se livre definitivamente do rebaixamento. A próxima partida será contra o Fluminense, na quarta-feira, no Rio de Janeiro.