Sport Club Corinthians Paulista

Paulo Cesar Carpegini manifestou nesta semana que não gosta de jogar com três zagueiros e quer, quando possível, voltar a atuar com linha de quatro homens na defesa. A mudança, se observados os 28 jogos que o Corinthians fez na temporada, deve significar uma queda no aproveitamento de pontos, além de um aumento da média de gols sofridos por partida.
Em 2007, o Corinthians fez 13 jogos com três zagueiros. Foram sete vitórias, quatro empates e duas derrotas atuando assim - 25 pontos ou 64% dos pontos que disputou. Com uma linha de quatro homens na zaga - dois defensores e dois laterais -, o time do Parque São Jorge jogou 15 vezes, empatando, perdendo e vencendo cinco vezes - um total de 20 pontos ou 44%.

"Não gosto muito de três zagueiros. Joguei uma Copa do Mundo com três zagueiros, fiz no São Paulo e foi uma necessidade", disse Carpegiani nesta quinta-feira, após o último coletivo em São Paulo, antes de uma longa viagem a Natal para enfrentar o América-RN, domingo às 16h. "No Corinthians é uma necessidade momentânea, assim eu defino."

A justificativa do treinador para usar o sistema é simples: o Corinthians é carente de atletas que joguem pelas alas ou como laterais. Na prática, isso significou ao Corinthians repetir a mesma dupla de laterais de forma seguida em apenas quatro oportunidades nesses 28 jogos - e de forma improvisada.

Na primeira delas, nas partidas de estréia do time na temporada (17 e 21 de janeiro), foram Rosinei e Edson. O primeiro é meia; o segundo, destro, jogou improvisado na lateral-esquerda. Na segunda vez, dias 1º e 4 de março, jogaram Eduardo Ratinho e Carlão - um volante improvisado na esquerda. Em 7, 11 e 18 de abril, o interino José Augusto repetiu Eduardo Ratinho e Éverton em suas posições de origem, após a saída de Emerson Leão e antes da chegada de Carpegiani.

"Estava sem laterais, havia um garoto adaptado do lado esquerdo que era o Éverton [o jogador jogava de lateral na base, mas Carpegiani enxerga nele um meia]. Meninos que desde o princípio procuramos ensinar. O Eduardo progrediu muito e o Éverton é um menino adaptado ali. Por isso tive a idéia de colocar o Betão [no lado esquerdo]", explica o treinador.

Se com três zagueiros o Corinthians vence mais e se defende melhor, no ataque o time não funciona tão bem: marca 1,69 gol por partida. Quando joga com os dois laterais, a média é um pouco melhor, de 1,8 gol.

Para o zagueiro Betão, três, quatro zagueiro, não é isso que determina o recente sucesso do Corinthians - o time ostenta a melhor defesa do Brasileiro, com apenas um gol sofrido em quatro jogos.

"As pessoas gostam de analisar o futebol por setores. Quando o time não estava bem, responsabilizavam a devesa. Com a chegada de Carpegiani, a consciência tática mudou, e o time todo está trabalhando. O sucesso não é só da defesa", disse o zagueiro, que vem jogando improvisado, como um 'falso lateral-esquerdo' (ele não sobe ao ataque).

O volante Marcelo Mattos concorda. "A equipe toda está marcando, entendendo o que o professor pede. Independente de ter três ou dois zagueiros lá trás, o que o time tem de saber é que a marcação começa na frente e termina no goleiro. O time tem de estar entrosado para dar certo."